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História Minhas lembranças do passado - One-shot


Escrita por: Amu7Hinamori

Notas do Autor


Essa fanfics é para o concurso de fics do grupo: Somos contra o abuso infantil.
Espero que gostem.
Pra não ter duvidas, a protagonista esta contando a historia do passado dela. Não esta acontecendo nesse momento.

Capítulo 1 - One-shot


-Mamãe, te amo.
- Obrigada minha linda. Também te amo. Porque não vai brincar um pouco no parquinho.
-Sim - Vi ela correndo para o parque.

Ver ela tão feliz correndo pelo parque, me faz me sentir muito bem.
Saber que a infancia dela vai ser cheia de amor, alegria, vai ser normal. Coisa que a minha não foi.

Só de lembrar como foi minha infancia....
-Papai olha uma borboleta.
- Sim Samanta, é muito bonita.
-Você concorda mamãe?
- Claro. é linda filha. - Me disse mostrando seu lindo sorriso.

Me lembro desse dia. Nós fomos ao parque, fizemos piquenique, tomamos sorvete, brincamos, olhamos as nuvens...

Nessa época ainda eramos felizes.
Mas a felicidade não durou muito.
Dois anos depois minha mãe morreu. Foi muito triste. Ela foi atravessar a rua e foi atropelada por um motorista bebado. Levaram ela pro hospital mais não resistiu.

Eu tinha sete anos.
Foi muito doloroso para nós perder a minha mãe.
E com o coração partido, meu pai começou a mudar.
Ele passou a beber, e muito. Bebia até não se aguentar em pé.
Ficou mais violento também.
Ele começou a me bater sem motivo.
Me batia quando eu perguntava algo, me batia quando eu falava que ele estava errado, quando eu falava da mamãe, por qualquer motivo.

E não eram só tapas, eram socos bem fortes, me batia de cinta também. Doia muito e ficava marcado. Mas ele disse que se falasse para alguém sobre isso me mataria.
Eu fiquei com muito medo, assustada, então não contei a ninguém.

E todo dia era a mesma coisa. Eu ia para escola as oita da manhã e voltava as quatro. Chegava em casa fazia a comida do meu pai, pois se não fizesse ele me batia. Arrumava a mesa, tomava banho e esperava ele.
Ele saia do trabalho e ia direto pro bar. Gastava a maior parte do salaria lá. Chegava em casa umas sete horas, jantavamos e depois ele ia se arrumar e dormir.
Eu tinha que arrumar a mesa e manter a casa arrumada também, mas sem acordar ele, se não me batia.
Nós fins de semana, eu só arrumava a casa e ficava no meu quarto. Ele saia pra beber, e voltava na hora do jantar. Eu preparava o jantar antes também e ficava esperando ele.

Mas teve um dia que ele me avisou que chegaria mais cedo do trabalho, e disse que queria o jantar pronto quando chegasse.
Eu planejava sair correndo da escola pra chegar o mais rapido possivel em casa.
Mas infelizmente nesse dia a professora ficou me ensinando a fazer a lição, e quando fui ver ja era quatro e meia. Sai correndo da escola, mas quando cheguei em casa, ele ja estava lá, e bebendo.
- Então é assim que me agradece. -Disse ele bravo com uma colher de pau na mão. - É assim que me agradece por tudo que eu fiz por você. Eu te dou um teto, comida, roupas. E é assim que me agradece por isso. Chegando tarde da rua, estava fazendo sei lá o que. - Falou irritado se aproximando de mim.
-E-Eu, estava na escola. A professora estava me ensinando a lição. -Falei assustada
- MENTIRA.- Falou com raiva
- N-não, é verdade.
- Acha que vou acreditar nisso?- Ele se aproximou pegando no meu braço e me jogando no chão da sala - Sua mãe teria vergonha de você.
Ele começou a me bater com a colher de pau e me dava socos, eu tentava me proteger, mas ele era bem maior que eu. Doia muito, eu tentava gritar, mas minha voz não saia e eu simplesmente chorava, até que finalmente desmaiei.

Me lembro de acordar sem ninguém em casa, ainda no chão da sala e cheia de dor. Me levantei de vagar e fui olhar no calendario que dia era. Tinha passado dois dias desde que meu pai me bateu. Eu dormi dois dias. Subi as escadas até meu quarto. Me olhei no espelho, eu estava horrivel. Toda roxa, cheia de marcas. Depois tomei um banho e coloquei meu pijama. Arrumei a casa e fiz o jantar, se não apanharia depois.
Fiquei em casa alguns dias até os machucados desaparecerem.
Eu não podia sair de casa, não podia deixar que me vissem daquele jeito. Iriam fazer perguntas, e eu não podia contar, se não ele me bateria mais. Eu acretidava que as coisas iriam melhorar, que era só uma fase, e tudo voltaria a ser como antes, pareceria que tudo isso seria um pesadelo e nada mais. Era nisso que acreditava, ou no que queria acreditar. Me fazia bem pensar assim.

Dois anos se passaram e nada tinha mudado. Estava com nove anos na época, e as coisas continuavam do mesmo jeito. Eu ia pra escola, fazia a janta quando voltava, cuidava da casa, ele me batia, tudo estava igual.

Eu não tinha amigos.
As pessoas até tentavam se aproximar de mim, mas eu tinha medo que descobrissem, então me afastava delas. Acabei ficando sem amigos. Sozinha no mundo.
Mas era melhor assim. De que me adiantaria ter amigos. Eu não tinha nada pra conversar com eles. Eu não assistia tv, não tinha muitos brinquedos, não tinha computador, não ia com meu pai passear, viajar, e essas coisas que todas as crianças normais faziam.
Então era melhor não ter mesmo. Era assim que eu pensava.

Eu tinha inveja, doia ver todos os outros felizes e eu não. Crianças passeando com seus pais, eles indo busca-las na escola, comparecendo as reuniões, estavam sempre lá.
Eu não tinha nada disso, e nunca mais teria.
Sim eu sabia que não teria mais isso, as coisas não voltariam a ser como antes nunca. Dois anos tinham se passado e nada tinha mudado, e não mudaria, não importa quanto tempo passasse.
Eu estava cansada. Cansada de apanhar todos os dias por coisas que não fiz, cansada de fingir que estava tudo bem quando não estava, cansada de ver todos felizes e so eu sofrendo.

Tomei uma decisão. Eu iria me matar. Como? Simples, iria provocar meu pai para me bater o mais forte possivel e assim acabar com tudo isso.

Eu cheguei em casa decidida naquele dia. Estava com medo, claro, mas ja não aguentava mais aquilo.
Não fiz a janta e deixei a casa uma bagunça. Queria ele bem revoltado.
Quando ele chegou, bebado como sempre. Estava furioso. E comecei a provoca-lo
-Não quero mais arrumar essa casa, não gosto de você e você que faça sua janta.
Ele me olhou cheio de furia e desgosto ao ouvir aquilo. Pegou uma tabúa que tinha na cozinha e veio pra cima de mim.
Eu nem resisti queria aquilo. Doia? Sim muito, mas pelo menos acabaria logo com tudo.
Depois de um tempo simplesmente apaguei. Achei que finalmente tinha acabado. Eu estava livre.

Mas então eu acordei perto do sofá. Me levantei doloriada. Tinha um pouco de sangue no chão. Eu não acreditava. Por que? Por que eu não morri? Por que não podia morrer? Por que não posso acabar com isso?
Era tudo que se passava em minha cabeça.
Fui no calendario. Dessa vez dormi por cinco dias. Fui ao meu quarto me olhei no espelho. Dessa vez tinha mais marcas no meu corpo do que em meu rosto.
Preparei o jantar e deixei na mesa. Subi e fiquei em meu quarto.
No outro dia me arrumei e fui na escola. Estava dolorida, mas tive a sensação que tinha que ir.

Cheguei na sala e ninguém me disse nada. Como se não fizesse diferença estar ali ou não.
A professora anunciou que teriamos uma palestra com o polical, sobre a violencia infantil.
Eu achei que ele só iria falar bobagens, e que não tinha como isso me ajudar. Mas então o policial entrou na sala, ele era gentil, e explicava tudo direitinho pra gente. Me lembro das ultimas palavras:
- Se souberem de alguma criança que apanha, é maltratada, ou até mesmo violentada, não deixem de denunciar. A policia pode ajudar essa pessoa.
Aquilo avia ficado em minha cabeça. Eu sabia o que tinha que fazer, mas estava com medo.
Então a professora disse que a aula estava encerrada, e que quem tivesse duvidas podia ir falar com o policial.
Todos iam saindo e pegando os folhetos. Até que só fiquei eu na sala. Estava muito assustada mais fui falar com o policial.
- Conlicensa.
- Sim? - ele falou gentil.
- É verdade que qualquer um que tenha um problema desse a policia pode ajudar? - Perguntei seria, e ele me olhou curioso e um tanto preocupado.
- Sim é verdade. - Afirmou ele. - Por que? Conhece alguém que tenha problemas desse? - Perguntou um pouco serio
Nessa hora me veio um frio na barriga. Eu não sabia se contava ou não. Fiquei com medo e abaixei a cabaça.
- Garotinha, se souber de algo é melhor me dizer. Posso ajudar - Ele falou com cauma me olhando.
Então eu decidi, contar. Era a unica forma de acabar com tudo. Eu tinha que ao menos tentar.
- Meu pai me bate. E muito forte. Machuca e fica marcado.
Ele me olhou um pouco assustado e preocupado. Abaixou e fez carinho no meu rosto.
- Você pode me mostrar alguma marca? - Ele perguntou serio. Parecia acreditar em mim.
Ergui a manga da minha blusa e mostrei pra ele meus machucados.
Ele ficou bem surpreso. Disse que eram marcas bem feias, e me perguntou a quanto tempo meu pai fazia aquilo. Contei toda a historia pra ele, que me ouvia com atenção.
Ele disse que podia me ajudar, e que iria cuidar do caso pessoalmente. Parecia comovido com minha historia.
Fomos para delegacia e dei meu depoimento. Também mostrei as marcas, tiraram fotos para usar como prova.
Depois Daniel, o policial gentil que estava me ajudando, me levou ao medico. Fui examinada e a mulher disse que eu tinha sorte, porque meu pai bateu bem forte em minha cabeça, mas só tinha ferimentos leves.

Levaram meu pai pra depor também. Ele estava bebado como sempre, mas negou. Disse que eu só queria chamar a atenção. Mas o policial insistiu e disse que tinham provas. Mostrou as fotos das minhas marcas. Meu pai ficou agressivo e tentou atacar o policial. Então ele foi preso acusado de agressão infantil e tentativa de agressão a autoridade.

Apesar das coisas estarem melhorando eu ainda estava com medo. O que seria de mim agora que ele se foi? Onde eu iria viver? O que eu faria?
Só tinha dez anos nessa época, não podia viver sozinha.

O policial conversou comigo e disse que eu iria para um orfanato, e ficaria lá até uma familia me adotar. Explicou que lá eu teria uma vida normal, ninguém iria me bates ou me tratar mau.
Apesar de assustada aceitei.

Eu fiquei no orfanato por um mês. Era legal até. Conversava com as crianças de la, brincava, comia. Eu estava sendo feliz de novo. E todo dia o Daniel ia me visitar.
Até que um dia ele chegou meio pensativo. Parecia querer me dizer algo mas estava sem jeito.
- O que foi Daniel? - Perguntei curiosa
- Eu tenho uma noticia pra você. Mas não sei como vai reagir.
- Pode falar. - Eu estava mais curiosa, o que será que ele ia me contar
- Tem um casal querendo te adotar.
Eu fiquei sem reação na hora. Não sabia se era bom ou ruim. Era alguém que eu não conhecia, iria me adotar e me levar pra onde quisesse. Eu perderia meus amigos e tudo o que tinha. E se tudo acontecesse de novo. Passava tanta coisa na minha cabeça. Que nem percebi que não tinha dito nada.
- Samanta? - Ele perguntou preocupado
- Desculpa. É que to nervosa. Como eles são.
- Venha conhecer.
Ele pegou na minha mão e me levou até a entrada do orfanato. Mas não vi ninguém além da Julia, a esposa do Daniel. Tinha conhecido ela, pois ele a trouxe aqui para mim conhecer.
Fiquei confuça.
- Olá Samanta.
- Ola senhorita Julia. O que faz aqui.
Ela e Daniel ficaram me olhando, e não entendi nada.
- Lembra do casal que quer te adotar?- Perguntou Daniel
- Sim?
- Esta olhando pra ele. - Disse Julia

Eu não acreditei. Eles queriam me adotar. Fiquei feliz, todas as minhas duvidas desapareceram.
Eles me contaram que queriam adotar uma criança, ja tinha um tempo. E que depois que me conheceram tinham certeza que era eu. Também disseram que estavam com medo de eu não gostar.
Mas eu fiquei super feliz.
No dia seguinte mesmo, ja fui morar com eles.

Minha vida tinha mudado completamente. Eu estava feliz. Tinha uma familia, amigos, e era livre de finalmente.
Hoje estou casada. Tenho trinta e três anos e uma filha que tem sete. A mesma idade que tinha na época que tudo começou.
Mas meu marido é carinhoso, amoroso, e muito apegado a minha filha. Sei que jamais faria mau algum a ela. Daniel e Julia ainda fazem parte da minha vida. Eles moram só a dois quarteirões de nós. Estão sempre vindo nos visitar e ver a Amanda, minha filha.
Quanto ao meu pai não vi mais depois que foi preso. Não sei se esta vivo ou morto, nem onde esta.
Mas do fundo do meu coração, desejo que esteja bem, aonde estiver. E ja perdoei ele por tudo. Sei que não fez por mau e que estava muito abalado com a morte da minha mãe. Nunca vou esquecer as coisas horriveis que ele fez, a dor, as feridas, mas meu coração esta bem, sabendo que as coisas melhoraram, e perdoar ele me trouxe muito alivio.
Espero que ninguém passe o que passei. E que todos possam ser felizes, com enormes sorrisos no rosto.

- Mamãe. Por que esta chorando.
- Me perdoe Amanda, estava me lembrando de algumas coisas.
- Tristes?
- Emocionantes. Quando for maior eu te conto. Vamos pra casa agora.
- Ta bom.
- Que tal um sorvete?
- Seria otimo mamãe.

Espero que um dia todas as pessoas que sofrem ou sofreram sejam felizes. E que aqueles que causaram sofrimento sejam perdoados.
Espero um mundo melhor.

Notas Finais


Espero que tenham gostado.


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