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História O Canto da Sereia - Capítulo Único


Escrita por: EnmaHilder

Notas do Autor


- Letra da Música que toca em Piratas do Caribe 4. (Meu nome é Maria)

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction O Canto da Sereia - Capítulo Único

Mais uma vez o homem estava sentado, na mesma pedra, segurando a mesma flor e esperando a mesma pessoa. Seus cabelos castanhos estavam curtos e arrepiados, seus olhos claros miravam o mar com certa apreensão. Vestia uma camisa branca social larga, calça de moletom azul marinho e estava descalço. As ondas estavam furiosas esta noite, assim tem sido todas as noites do dia 07/07. Sempre no mesmo período, na mesma hora, no mesmo lugar, algo mágico acontecia com aquelas águas. O homem sempre se perguntou como ninguém notava? Como ninguém tinha descoberto tal coisa? Ele sempre se achou o ser humano mais sortudo do planeta. De fato, ele tinha razão.

Quando olhou para trás, o belo homem no auge de seus 25 anos, pode ver pequenos pontos de luz acesos na direção da cidade em que mora. Olhou em seu pulso e constatou que a hora havia chegado. Desceu das pedras e andou até chegar a água salgada, que batia em seus pés trazendo uma sensação refrescante. Fixou seus olhos no meio das ondas e ficou a espera de algo, ou alguém.

Pouco distante, em meio as ondas revoltas da água salgada, sob a luz da lua, um lindo ser de cabelos dourados brilhantes, olhos esverdeados que brilhavam sempre que a luz se refletia em suas orbes, braços finos e mãos delicadas; podia ser visto emergindo em meio as águas. Tão logo subiu e avistou o homem, a jovem mergulhou e voltou a nadar. Quando chegou ao raso, um brilho misturava o corpo da jovem com as águas da praia. A garota, que agora mostrava a parte de baixo de seu corpo, na verdade não possuía pernas e sim uma enorme calda de peixe. Uma sereia. A luz que saia da ponta de sua calda e ia até a sua cintura, estava ficando cada vez mais forte, até se apagou e onde antes havia uma calda, agora estava um par de pernas proporcional ao seu belo corpo.

Com um pouco de dificuldade, ela levantou e caminhou de vagar até parar de frente ao homem. Seus cabelos balançavam ao toque do vento, sua pele pálida parecia brilhar com a luz da lua, a parte de cima de seu corpo era tapada apenas por um fino biquine em formato de conchas, a de baixo, com um pequeno short na cor laranja. Ela sorriu para homem, que retribuiu e entregou a flor pouco sem jeito. Fazia anos que se encontravam, sempre na mesma noite, na mesma hora, mas ainda assim, continuava sem jeito frente a bela moça, seu primeiro e único amor.

- Senti sua falta Aliqua. – A voz do homem saiu cheia de carinho e macia aos ouvidos da sereia.

- Também senti tua falta Caerlean. – a voz da sereia era encantadora. Em nada as lendas se equiparavam com seu som. Algo completamente indescritível. Era macia e suave, falava como se estivesse cantando uma canção de ninar. Simplesmente bela. – Que flor é esta? É cheirosa... – ela levou a tulipa até seu nariz e respirou. O perfume da flor era encantador para a jovem que veio do mar e nunca em sua vida sentiu tal cheiro.

- Chama-se tulipa. A senhora da floricultura disse que a tulipa vermelha, significa o amor perfeito... – o jovem estava temeroso. Já haviam se encontrado diversas vezes, mas esta seria a primeira que diria o que sente. – Eu... Quando eu a ouvi dizendo isso, lembrei-me de você.

- Por quê? – perguntou sem entender de imediato o que o Caerlean queria dizer.

-Todos os anos na mesma noite eu venho aqui, desde que tinha o que? 7 anos de idade? – perguntou a sereia que apenas afirmou com a cabeça – Venho aqui apenas para te ver, doce Aliqua. Não sei como ou quando, apenas sei que meu coração dispara sempre que este dia chega, pois nos outros dias do ano, me sinto um morto vivo caminhando entre as pessoas. Penso apenas em ti, no que vamos conversar, sobre o que posso lhe contar. Fico imaginando como você está, se cortou o cabelo, se sorri para outro, se trata outro da mesma forma que me trata. Eu não posso mais viver sem você. – Caerlean esticou sua mão direita e tocou a face da bela sereia. – Para mim, isso é um amor perfeito, assim como tudo em você é perfeito.

- Eu não conheço o amor Caerlean. – Aliqua fechou os olhos e ficou apenas apreciando a sensação de ter o seu rosto tocado pelo humano a sua frente. – Não sei o que é me apaixonar, mas eu gosto de ficar com você. Gosto de nossas conversas, de ouvir sobre o seu mundo que é tão diferente do meu. Quando eu estou entre o meu povo, falo de você para eles, eles me dizem para tomar cuidado... – Ela abriu os olhos e deu um passo para trás, assim poderia observar as reações do homem. – Dizem que vocês fazem mal aos seres que dividem o planeta com vocês, fazem mal a sua própria espécie e que se encontrassem com a nossa, não seria diferente. Isso é verdade?

- Você tem que entender que nem todos são assim. – Ele não queria admitir, não queria dizer sim para a pergunta feita, mas não tinha escolha. Não conseguia mentira, não para ela.

- Como? Porque fazem isso? Você nunca me contou nada do tipo! – Claramente horrorizada, Aliqua já estava pensando se deveria permanecer ali e ouvir o que o outro tinha a dizer. Queria fugir para o oceano onde sabia que estaria segura. A sereia passava o ano todo defendendo o homem que conheceu ainda nova, dizia que ele não era capaz de fazer as coisas que ouvia, que tudo não passava de invenção. Mas agora, o próprio havia dito que fazia isso.

- Me deixe explicar primeiro. – Se apressou em dizer e até se atrapalhou um pouco nas palavras. – Sim, é verdade que os humanos são assim, mas nem todos. Eu não sou assim Aliqua. Fazemos coisas horríveis, principalmente com aquilo que não entendemos ou tememos. Porque acha que nunca lhe deixei ver outro humano? Tenho medo do que eles poderiam fazer com você. Jamais faria mal a ti ou a qualquer outro de sua espécie. Tem que acreditar em mim.

A sereia passou a encara-lo. Os olhos de Caerlean transmitiam apenas sinceridade, mas ela não sabia se deveria realmente acreditar. Os humanos podem ser mentirosos, talvez até mais que as sereias. Aliqua conhece sua espécie, seus costumes. Está em seu sangue. Sereias são seres manipuladores e sensuais. Desde que o encontrou pela primeira vez, há quatorze anos, ela vem tentando não ser esse tipo de sereia com ele. Só que agora, não sabia mais em quem acreditar. Seu coração lhe dizia que ele, Caerlean não seria capaz de mentir, não para ela. Mas seu cérebro teimava em concordar com seus amigos e parentes.

- Prove. Prove que você não é igual aos outros.

- Como? – Caerlean estava disposto a fazer tudo para conseguir a confiança da sereia novamente.

- Venha comigo para o mar Caerlean, fique ao meu lado eternamente. Abandone a tudo e a todos, por mim. – ela abriu seus braços. De fundo, a fúria das ondas aumentou, as nuvens cobriram a lua e pela primeira vez, desde que viu Aliqua nas águas, ele sentiu medo do ser a sua frente.

- Caerlean? – os olhos dela brilharam. Ela queria uma resposta e queria já.

- Desde que u possa ficar com você eternamente, eu irei Aliqua. Eu irei. – ele sorriu. O medo sumiu tão rápido havia chegado. Uma única noite por ano e ele sentia como se a conhecesse a vida inteira. Não se importaria de ir com ela para as águas. Não com ela.

-Então venha. Vamos para o mar juntos Caerlean. – Aliqua estendeu a mão que não segurava a flor para ele, que logo a segurou.

Juntos começaram a caminhas mar adentro. As ondas que batiam em suas coxas o machucavam, a fúria do mar não era pouca. Mas ele não se importou. Estava ao lado do seu grande amor, ao lado da primeira e única que fez seu coração palpitar. Suportaria o mar por ela.

- Aliqua? – chamou e assim que ela lhe olhou nos olhos, acreditou que estava fazendo o certo. A sereia estava sorrindo, seus olhos brilhavam pelas lagrimas que escorriam sem parar. – Você poderia cantar para mim?

- Tudo o que quiser.

A água batia pouco acima do umbigo do homem, as ondas estavam ficando mais calmas a medida que eles iam mais para o fundo. Aliqua parou a frente de Caerlean, secou suas lagrimas e começou a cantar.


“Sou filha de um mercador
Eu deixei os meus pais e 3000 por ano, sim senhor
Tenho a flecha do cupido, a riqueza é ilusão
E só pode consolar-me, meu marujo alegre e bom
Venham todas belas damas, aqui deste lugar
Eu nunca vou tão longe cruzando o alto mar
Tenho a flecha do cupido, a riqueza é ilusão
E só pode consolar-me, meu marujo alegre e bom.”


A voz de Aliqua, sempre tão bela, ficava ainda mais encantadora quando esta cantava. Tão doce quanto mel, mas ainda assim provocativa e tentadora. Caerlean fechou os olhos e se deixou guiar pela mão da sereia, que o levava cada vez mais para o fundo.

Estava completamente embaixo da água quando abriu os olhos. Pode ver o rosto da sereia, viu ela se aproximando e não recuou. Sentiu o toque suave dos lábios dela nos seus e sorriu. Um ultimo sorriso que Aliqua fez questão de gravar em sua mente. O beijo foi rápido e singelo.

Quando ficou sem ar, Caerlean pensou em subir e pegar ar, mas o aperto firme em sua mão o fez entender que ele não deveria. Ele segurou por mais alguns segundos, mas logo o ar escapou de sua boca e a água começou a entrar. Ele deu uma ultima olhada no rosto da sereia, em seus olhos tão bonitos e em seus lábios macios. Não se arrependia de ter aceitado segui-la para o fundo do mar. Se não poderia ter Aliqua ao seu lado todos os dias, acabaria com este sofrimento ali mesmo.

Por outro lado, Aliqua estava arrependida. É da natureza de uma sereia atrais homens para a água e afoga-los. O beijo é o sinal de despedida, um ultimo prazer antes da morte, da escuridão. Seu coração doía. Não queria ter feito aquilo com Caerlean, mas quando ele aceitou, não tinha mais volta. Ela fez o pedido, ele disse sim e agora ambos estavam ali, frente a frente, envoltos pelas águas salgadas da praia. A flor em sua mão perdeu as pétalas tão rápido quanto o homem perdeu o fôlego. Não havia volta. As lagrimas que escorriam pela sua face se espalhavam. Se arrependia, mas não havia mais nada a ser feito. Não mais.

Mais uma vez encostou seus lábios ao dela, mas não por tradição e sim por pura atração. Os lábios dele estavam frios e sem vida, assim como todo o seu corpo. A luz envolveu suas pernas mais uma vez, e onde antes haviam pés, agora havia uma calda. Separou seus lábios dos dele, deu-lhe uma ultima olhada e o largou no fundo do mar. As ondas que haviam se aquietado, agora voltavam com toda a sua fúria, como se estivessem sentindo a dor da sereia.

Esta foi a ultima vez que Caerlean fora visto, seu corpo nunca foi encontrado. Também foi a ultima vez em que Aliqua, esboçou algum sentimento. Seu coração se tornou negro e foi fechado para todos naquela noite de luar.

Notas Finais


A intenção era escrever a fanfics do concurso, mas quando eu vi, já havia começado e não tinha nada a ver com Férias. Mas eu gostei. :3


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